terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meditação Vipassana

"O Ponto de Partida" é o segundo capítulo do livro "A Arte de Viver Segundo N.S. Goenka". Nele o autor apresenta a visão Vipassana sobre a fonte de nossos sofrimentos, reconhecendo que ela se encontra em nós mesmos, mas admitindo que, em níveis mais profundos, nós não nos conhecemos de modo algum.

Segundo Buda, cada ser humano é composto de cinco processos, quatro deles mentais e um físico. O corpo físico, aparentemente sólido, é composto de partículas suatômicas, Kalãpas, e de espaço vazio, num fluxo de vibrações ou ondas,quando as partículas aparecem e desaparecem continuamente.

A mente se compõe de quatro processos: consciência, precepção, sensação e reação. Ou viññãna, saññã, vedanã e sankhãra, na língua falada na região em que Buda vivia, o Pali! Essas quatro funções mentais são ainda mais fugazes do que as partículas que compõem a realidade material. Cada vez que entramos em contato com qualquer objeto, os quatro processos mentais se sucedem com a rapidez de um relâmpago e se repetem a cada contato sem que tenhamos ciência do que está acontecendo, mas mesmo assim temos a convicção de que dentro de nós há um EU que é constante. "Eu fui, eu sou, eu serei".

Buda percebeu que uma pessoa não é uma entidade acabada, imutável, mas sim um processo que flui de momento a momento. Não existe um ser real, mas um fluxo contínuo, um processo contínuo de vir-a-ser. Na vida diária lidamos uns com os outros como pessoas definidas, mais ou menos constantes, aceitando a realidade externa, mas o universo inteiro, animado e inanimado, é um processo permanente de vir-a-ser! Nós somos como o rio, uma corrente de água que flui sem parar, em constante mutação, assim os processos de consciência, percepção, sensação e reação se transformam em velocidade ainda maior que o processo físico.